Kaneco, ou melhor Alexandre de Carvalho, foi um jogador de futebol muito famoso que jogou pelo Santos e notabilizou um dos dribles mais incríveis do futebol moderno, a carretilha. Porém, há quem diga que não foi ele quem inventou a artimanha. Será?
Por isso, a gente dividiu esse texto em duas partes. Primeiro, a gente vai falar do Kaneco porque sendo ele o inventor ou não do drible, considere que ele tem um papel importantíssimo no futebol. Depois, nós vamos falar do outro nome por trás da carretilha.
A carretilha no futebol
E antes de tudo, nós vamos falar do drible em si. De fato, é um dos mais difíceis de serem feitos atualmente. Ele é comum mais no futsal do que propriamente no futebol de campo. Ainda assim, de vez em quando, acontece.
E sabe porque ele é pouco visto? Porque é raro conseguir concretizá-lo com sucesso. Mas, vamos lá: se você é ou quer ser um jogador de futebol habilidoso pode ser que queira aprender. E para isso, o primeiro passo é conhecer a história.
Basicamente, funciona assim: o movimento dá um passo para o lado da bola e o joga de lado para o outro. A trajetória da bola é que dá o nome ao drible. Por isso, muitas vezes, também é chamada de arco-íris. A bola sai do lado de trás da perna e vai para frente, por cima da cabeça.
Os exemplos atuais
Para quem gosta de ver na prática, vale algumas dicas atuais desse drible. Porque, como falamos, ele é comum de acontecer, mas acontece.
Na Copa do Mundo de 2002, Ilhan Mansiz, da Turquia, fez um movimento de “sombrero”, muito próximo da verdadeira carretilha. E isso forçou o zagueiro do Brasil a cometer a falta.
Em 2008, o jogador Franck Songo’o, que jogava pelo Queens Park Rangers tentou o truque nos minutos finais da partida. O problema é que isso causou uma grande briga entre os jogadores dentro de campo.
Quem foi Kaneco
Ele foi um ponta-direita de sucesso no Santos e que jogou desde a metade dos anos de 1960. Morreu em 2017, aos 70 anos de idade de câncer. Era um amante do futebol e mesmo após a aposentadoria não largou o campo – só que de forma mais amistosa.
Aliás, ele criou uma escolinha de futebol na região de Santos. Era um descendente de japoneses, sendo o segundo a chegar no Brasil. O primeiro deles foi Sérgio Echigo, do Corinthians. Kaneco está na história por conta da carretilha.
O nascimento de Kaneco se deu em outubro de 1946, sendo que ele era brasileiro e japonês, devido a sua descendência. No ano de 1968, o Santos tinha um dos elencos mais fortes do mundo, com Kaneco, Pelé, Edu, Toninho Guerreiro, Carlos Alberto, Pepe, Lima, Franklin e Abel.
O Kaneco no futebol
Um momento inesquecível aconteceu em um jogo noturno. No estádio do Santos, pelo campeonato Paulista, contra o Botafogo de Ribeirão Preto (SP). O ano era de 1968. A jogada foi na linha de fundo, diante do lateral Carlucci. Na sequência, ele cruzou para a pequena área e Toninho Guerreiro marcou.
Além desse momento marcante na vida dele, considere outro. Ele ajudou o Peixe a vencer no Corinthians, no mesmo ano, sendo que marcou a quebra de um tabu de anos.
Dá para lembrar ainda que Kaneco jogou pelo Velez Sarsfield, da Argentina, após sair do Santos. Lá atuou ao lado de ninguém menos do que Carlos Bianchi, que era um treinador conceituado no mundo todo.
Kaneco ou Carlinhos
Aqui a gente divide o texto entre a primeira parte a e segunda parte. A carretilha acontece quando o jogador prende a bola com os pés e dá um toque por cima do adversário. É uma espécie de chapéu, só que feita de forma que a bola sai de trás de corpo do atleta.
O fato é que a invenção está no nome de Kaneco, que você conheceu acima. O problema é que antes dele executar, outro jogador já havia feito isso. Estamos falando de mais ou menos uma década de diferença. Enquanto Kaneco fez na década de 60, Carlinhos fez nos anos de 1950.
Quem foi Carlinhos Ramos Leal
Ele era um jogador do Sport, de Recife, durante a década de 1950 e é considerado até hoje como um dos principais e mais importantes pontas-direitas que o clube já teve na história. É ele que é considerado o inventor da carretilha.
Isso porque foi o primeiro a fazer, conforme conta os históricos do esporte. Tudo aconteceu quando Náutico e Sport se enfrentavam em uma daquelas batalhas dos Aflitos durante um jogo que valia pelo Campeonato Pernambucano.
Quando se viu “sem saída” ao ser marcado pelo lateral esquerdo Jaminho, bem perto da bandeirinha de escanteio, Carlinhos prendeu a bola entre os pés e a jogou por cima da própria cabeça e do jogador adversário também. Foi algo inusitado, genial e incrível.
O lance surpreendente
O fato é que esse lance foi tão inovador que surpreendeu todos. O relato é contato pelo jornalista Hélio Pinto, que escreveu para o Diário da Noite, que existia naquela época.
E o término da jogada terminou com uma bola na trave. Já quando a bola saiu, o árbitro daquele jogo cumprimentou o jogador, que vestia a camisa 7 do Leão. Na época, ele tinha 20 anos ou um pouco mais e isso demonstra toda a ousadia.
Inclusive, ambas as torcidas aplaudiram o drible, provando que o futebol pode ser um esporte inacreditavelmente lindo e comovente. O problema é que nessa época ainda não se tinha a transmissão da TV e só se tem relatos falados do que aconteceu no Estádio dos Aflitos.
Por que pouco se sabe sobre o Carlinhos?
O que se tem de notícia é que ele nasceu na década de 1930 e nessa época não se tinha tantas informações sobre os jogadores. Exceto, os que eram muito famosos. De todo modo, dá para considerar também que a carreira de Carlinhos foi bem curta, durando apenas 6 anos.
Ou seja, não deu tempo de criar uma história muito além da invenção dele, a carretilha. Ainda assim, foi tempo o bastante para ele se tornar um jogador da Seleção de Pernambuco e ser o primeiro jogador do Norte-Nordeste a ser chamado para jogar fora do país.
De fato, ele não foi e o motivo você deve saber: naquela época, os salários não eram tão estratosféricos como é hoje em dia. Por isso, o Carlinhos, de Olinda, optou por abandonar o futebol e seguir na carreira de Farmácia. Ele morreu em 1995, aos 62 anos.
As carretilhas do Falcão, do Okocha e do Neymar
Além de Kaneco e Carlinhos, a gente não pode deixar de falar que hoje em dia os principais nomes de atletas que conseguem fazer a carretilha com perfeição passam por Falcão, que é do futsal, além do nigeriano Okocha, que está aposentado há muito tempo e do craque Neymar.
No caso do Falcão, dá para citar um dos lances mais icônicos que se pode ver e que tem a carretilha. Isso aconteceu em um jogo festivo pelo Atlético de Minas Gerais. Falcão cobrou uma falta com o movimento e a bola passou por cima da barreira e do goleiro.
Já o Okocha, que é chamado de Jay Jay Okocha, o Mágico, é considerado um dos craques imortais do futebol. Ele é de 1973 e jogou por grandes clubes do mundo, sendo que foi um dos que mostraram a carretilha ao vivo para os alemães. Por isso, por lá, o drible tem o nome dele.
Outros nomes para carretilha
No Brasil, a gente fala carretilha. Mas, há quem diga que é lambreta (Itália). Aliás, o nome ainda pode mudar para movimento inverso, movimento do arco-íris, movimento Ardilles (Reino Unido) ou até mesmo Okocha-Trick (Alemanha) ou coup du sombrero (França).
E não dá para deixar de falar que é um dos dribles que os jogadores de futebol de video game mais gostam de usar para passar pelos adversários. Agora, resta saber se é mais fácil praticar no game ou na vida real, não é mesmo?
Jogada de habilidade ou ofensa?
E antes de terminar, considere que atualmente o futebol mudou muito. Hoje em dia, os lances de habilidade e dribles não são usados apenas para passar pelo adversário, mas também para fazer firula e provocar o outro time.
Com isso, muitos juízes têm optado por inibir que os atacantes façam esse tipo de drible, como é o caso da carretilha. De todo modo, vale saber que estamos considerando aqui a arte do drible para fins futebolísticos, como marcar gols.
Carretilha x Chapéu
Você deve ter entendido que há uma diferença entre carretilha e chapéu certo? Se não entendeu, nós vamos explicar agora. Considere que o chapéu é dado com o peito do pé ou até mesmo a sola do pé em novos movimentos.
Mas, acontece de frente e forma um arco sobre o adversário. Já na carretilha, a bola parte de trás do corpo e, geralmente, passa pelo próprio jogador e pelo adversário. Para isso acontecer, ela exige o movimento dos dois pés e é muito mais difícil de acontecer.