O esporte é essencialmente competitivo, pois todas as modalidades mais conhecidas são realizadas contra algum adversário. No entanto, o esporte carrega consigo outros valores, como a ética.
O Fair Play é um ideal do esporte que fala justamente de um jogo limpo, em que todos os atletas possam disputar com as mesmas condições. No entanto, é preciso que o atleta abra a mão de seu foco para ser empático com o seu adversário. Nossa equipe de redação separou para você alguns lances de solidariedade em práticas esportivas.
Atleta ajudou adversária que caiu durante a corrida
Nas Olimpíadas do Rio, que ocorreram em 2016, durante uma prova de corrida nas manobras de 5.000m, Nikki Hamblin, atleta da Nova Zelândia, caiu na pista. Abbey D'Agostino, dos Estados Unidos, caiu sobre ela pois vinha atrás. Tudo ocorreu quando faltavam quatro voltas para o final da prova.
A americana não hesitou ao ver Hamblin caída, já que a mesma havia batido a cabeça, e foi ajudá-la a levantar. No entanto, a norte-americana torceu o seu joelho na colisão e não conseguiu se recuperar na corrida por conta de uma dor intensa. De qualquer forma, as duas resolveram terminar a corrida juntas e assim o fizeram.
As duas terminaram a prova nas últimas posições, mas ganharam vagas para a final porque não tiveram culpa no incidente. No entanto, a norte-americana ficou fora da decisão por conta da grave lesão que a queda causou a ela.
Jogador errou o pênalti de propósito por não concordar com a marcação
Em uma partida da Premier League, em março de 1977, Robbie Fowler caiu na área do gol do time adversário. No entanto, a ação ocorreu quando o mesmo foi contornar David Seaman, sem nenhuma ação de falta do oponente.
Assim que Fowler caiu, o árbitro marcou um pênalti. Contudo, ninguém esperava que o atleta levantaria e negaria a penalidade. Mesmo assim ele precisou disputar o pênalti, mas chutou a bola errada. O goleiro não defendeu de forma correta e então Jason McAteer ainda marcou o gol no rebote.
Messi foi justo em marcação precipitada
Em uma partida de 2019, pela liga europeia, o craque Messi driblou dois oponentes e caiu na área do Rayo Vallecano, com quem jogava contra. O árbitro logo marcou pênalti para o Barcelona.
Messi levantou e apontou para o árbitro que não foi falta, fazendo um pequeno sinal. A arbitragem seguiu o jogo por conta do pedido do argentino. A atitude de Fair Play fez com que o jogador fosse elogiado pelos amantes do futebol mundial.
Time permitiu o outro marcar um gol
Em um jogo de futebol entre o Ajax II e o Cambuur uma situação inusitada de Fair Play aconteceu. Um jogador do Cambuur estava machucado e, para que pudessem atender o atleta, o belga Jan Vertonghen do Ajax, chutou a bola para longe com o intuito de dar a bola ao goleiro Peter van der Flag.
Entretanto, o goleiro não estava posicionado no gol e a bola acabou entrando. O ponto foi marcado, mas o técnico do Ajax ficou insatisfeito com o gol injusto e pediu para que seus atletas ficassem parados e deixassem que o Cambuur marcasse um gol.
Jogador escolheu não fazer um gol quando teve a chance
Em um jogo da Premier League de 2002, entre West Ham e Everton, ocorreu outra ação de solidariedade com o adversário. Quando a partida se encontrava em 1 a 1, o goleiro do Everton, Paul Gerrard, lesionou o joelho e caiu, de modo a deixar o gol aberto.
Di Canio recebeu um passe ao gol, mas não fez o que todo mundo imaginava. Ao invés de marcar o gol, o jogador segurou a bola com as mãos, mostrando respeito ao goleiro e permitindo que o mesmo fosse atendido. A atitude fez com que o jogador ganhasse o prêmio Fair Play da FIFA em 2001.
Erro da arbitragem a favor do adversário
Durante as quartas de final do Masters de Roma 2005, o duelo entre Andy Roddick e Fernando Verdasco foi marcado por um ato de justiça. Quando Roddick estava com o match point, Verdasco sacou e teve a sua bola marcada como fora.
Roddick percebeu que a bola havia batido na linha, já que ela deixou uma marca. Por isso, falou para a arbitragem que a bola foi dentro e que ela deveria modificar a marcação. O ponto foi avaliado corretamente e Verdasco ainda conseguiu vencer a partida.
Atleta deu sua própria medalha ao adversário
Nas Olimpíadas de Pequim em 2008, foi o vencedor em quatro lugar no atletismo. O segundo e terceiro lugares foram desclassificados por conta de que os atletas pisaram nas linhas. Por isso, Crawford recebeu a medalha de prata.
Uma semana depois do resultado, o esportista enviou o seu prêmio para um dos jogadores que não receberam qualquer reconhecimento. Junto com a medalha estava uma carta que estava escrito: “Eu sei que isso não substituirá o momento, mas eu quero que você tenha isso porque acredito que é seu por direito”.
Oponente deu dica para o outro pedir o recurso do desafio
Pela Hopman Cup na Austrália, Jack Sock estava enfrentando Lleyton Hewitt. Em uma jogada, o árbitro da partida marcou um saque de Hewitt como fora. Contudo, Sock teve outra visão da decisão
Sock sugeriu ao adversário que ele pedisse o desafio em vídeo, pois o mesmo achou que o saque havia sido dentro. Hewitt pediu o recurso e a bola realmente estava dentro. Após receber o ponto, Hewitt ainda saiu da partida vitorioso.
Ato de honestidade gerou convocação para a seleção brasileira
Rodrigo Caio, na época jogador do São Paulo, ajudou com que um cartão amarelo contra Jô, atleta do Corinthians, fosse retirado. A situação ocorreu na semifinal do Campeonato Paulista de 2017. Em uma disputa de bola dentro da área do gol do São Paulo, Rodrigo acabou pisando no pé de seu próprio goleiro.
O árbitro entendeu que o pisão tinha sido cometido por Jô e por isso deu um cartão amarelo ao atleta. No entanto, esta seria a terceira advertência do Jô, o deixando de fora do próximo jogo. Rapidamente, Rodrigo foi até o árbitro e disse que ele foi quem pisou no pé do goleiro.
Desse modo, o árbitro cancelou a marcação livrando Jô de uma suspensão. Na partida da volta, Jô foi responsável pela vitória do Corinthians e eliminação do São Paulo. O resultado gerou muitas críticas ao Rodrigo, mas o mesmo foi reconhecido por Tite e então ganhou uma convocação para seleção brasileira.
Judoca adiou partida ao invés de aceitar vitória por W.O
Nas Olimpíadas da Juventude de Singapura, realizada em 2010, a atleta de judô da Bulgária, Yoana Damyanova, pediu para que a sua partida fosse adiada já que a sua adversária do Haiti não tinha conseguido chegar ao país.
O ato de solidariedade, ressaltado porque ela não aceitou uma simples vitória por W.O, fez com que ela ganhasse o prêmio de Coubertin World Fair Play, que é dado pelo Comitê Internacional de Fair Play.
Atleta percebeu engano do adversário e o ajudou
Durante a prova de atletismo Cross Country, realizada na Espanha no ano de 2012, o atleta Ivan Fernández Anaya perdia em segundo lugar para o queniano Abel Mutai. Mutai confundiu a linha de chegada e então diminuiu o seu ritmo de corrida a alguns metros do local correto.
Entretanto, Fernández notou que Mutai havia se confundido e nem por isso se aproveitou da situação. O atleta avisou a Mutai que ele estava errado e, além disso, ainda o acompanhou em segundo lugar até a linha de chegada correta. Fernández fez questão de continuar em segundo lugar.
Após a corrida, o atleta disse que percebeu o equívoco do oponente e teve que ajudar. Ainda reconheceu não passar na frente pois ele não foi melhor, logo não mereceu ganhar.
Jogador pediu para que anulasse gol
Em uma partida pelo campeonato italiano entre Lazio e Nápoles, Miroslav Klose marcou o primeiro gol do jogo para o seu clube, Lazio. Em meio a comemoração pelo gol, Klose foi até o árbitro e pediu para que anulasse o gol.
Klose confessou que havia tocado com a mão na hora de finalizar. Com a manifestação, a arbitragem cancelou o gol, fazendo com que Klose recebesse parabéns da torcida e dos atletas do Nápoles.
Time não permitiu que pontuação adversária fosse anulada
O Leicester perdia por 1 a 0 para o Nottingham Forest, pela Copa da Liga Inglesa. Foi quando Clive Clarke, do Leicester, sofreu um ataque cardíaco e a partida teve que ser cancelada.
Contudo, o regulamento do campeonato dizia que um novo jogo deve começar com o placar zerado. Em um gesto de justiça, o Leicester deixou que o goleiro do Nottingham marcasse um gol. Assim, o placar pôde voltar ao 1 a 0.
Fair Play: ato que divide opiniões
Há quem critique o Fair Play nos diversos esportes. Por exemplo, no caso de Rodrigo já citado anteriormente, Maicon o capitão do São Paulo, o elogiou, mas disse que não sabe se foi certo ou não. Por fim, disse que ele prefere a mãe do adversário chorando em casa do que a dele.
Em contrapartida, a ação é muito elogiada pelas grandes entidades do esporte, pois demonstra uma das inúmeras facetas do esporte, que não se baseiam apenas na competitividade.