Se você é brasileiro, já ouviu o famoso “Pedala, Robinho”. E se gosta do futebol internacional, já vibrou com as pedaladas do Cristiano Ronaldo. E, ainda, se é fã dos dribles em campo, com certeza, já notou o Ronaldinho Gaúcho e o Denílson fazendo as pedaladas.
Correto? A verdade, porém, é que não foi nenhum deles que inventou esse tipo de drible que é feito no futebol. Menos ainda, o menino Neymar, que também usa do artificio para “enganar” os adversários. Mas, então, quem está por trás da pedalada? Law Adam.
Quem foi Law Adam
Law Adam nasceu em 1908 e morreu em 1941, ainda na fase adulta, bem cedo. Ele foi um jogador de futebol que nasceu em Probolinggo, na Holanda, mas também tinha cidadania suíça. Era um atacante dos bons e muito habilidoso.
É considerado o primeiro jogador de futebol europeu a usar o movimento do “scissors” ou “step over” ou a nossa boa e velha “pedalada”. Essa é a história mais aceita do surgimento da pedalada e tanto é que o Adam ficou sendo conhecido como o “Scissorsman”.
Como a morte foi precoce, aos 32 anos, ele não pode jogar muito tempo. Mas, ficou famoso dentro dos gramados entre as décadas de 1920 e 1930. Abaixo, ainda que de forma rápida, nós vamos relembrar um pouco mais da história e da carreira do Adam.
A carreira de Law Adam
O Adam começou a carreira de jogador no HVV Haag, que é um clube da Holanda, o seu país natal – daqui a pouco vamos falar mais desse clube. O fato é que aos 19 anos, ao ir estudar em Zurique, na Suíça, ele também jogou no Grasshopper, que é bem mais famoso.
A estreia em solo suíço foi em uma partida contra a Áustria no ano de 1929. Agora, olha como está a ordem disso. Ele é holandês, mas jogou pela seleção suíça porque tinha cidadania. Agora, você não sabe o que aconteceu após isso.
Ao visitar a Suíça, a seleção holandesa viu o Adam jogando e o convidou para fazer parte da seleção do seu país natal, a própria Holanda. Assim, ele jogou 11 vezes com a camisa laranjada e marcou 6 gols. Inclusive, dois na vitória contra a Alemanha, em 1932.
O fim da carreira
O fim da carreira de jogador de futebol dele não aconteceu por causa da morte, que foi precoce. Ainda assim, é considerada uma das aposentadorias mais precoces do futebol, já que ele tinha apenas 24 anos.
A história é a seguinte: após jogar pela seleção da Holanda e ter um papel importante no ano de 1932, ele voltou ao HVV Den Haag. Porém, devido a problemas cardíacos, ele precisou antecipar a aposentadoria para não correr riscos de vida.
A morte veio mais tarde, em 1941, quando ele tinha completado 32 anos. O outro fato curioso é que ele não seguiu a ordem de se aposentar, já que continuou jogando bola, mesmo que de forma mais amistosa. E foi aí que surgiu o grande problema.
A morte de Law Adam
Durante um amistoso entre Thor e Anasher, em Surabaya, na Holanda, Adam estava lá. Inclusive, ele havia marcado dois gols e dado três assistências. Só que ele saiu de campo aos 8 minutos do segundo tempo, com a mão no coração.
O árbitro do jogo, Lambeck, escreveu sobre isso mais tarde para a revista De Scheidsrechter. E comentou que havia comentado com o jogador, que disse que não era nada grave. Veja o que ele cita, o que seria a voz do jogador holandês:
“Não é nada grave. Mas, o meu coração está disparando de novo e isso é um sinal. Por isso, preciso me vestir agora”. Assim, após a partida terminar, o arbitro viu Adam no vestiário, sob uma maca de massagem e todo “azul”. Mesmo com tentativas de reanimação, ele não voltou.
HVV Den Haag (Holanda) e Grasshopper (Suíça)
Como nós mencionamos esses dois clubes, vale a pena usar um tópico a mais para falar deles, ainda que brevemente. O HVV, que foi o primeiro clube profissional do Adam, é do futebol amador e fica em Haia. Ele existe desde 1883 e é uma extensão do Hague Cricket Club.
Foi um dos clubes de maior sucesso do futebol holandês antes da Primeira Guerra Mundial e levou 10 nacionais para casa. Depois, se tornou o clube de Haia, mais tarde, o HBS e depois o ADO. Ou seja, ele não existe mais como HVV que conhecemos desde 1932.
Já o Grasshopper é de 1886, sendo também bastante antigo. Porém, ele disputa a competição suíça até hoje. Hoje, é um grande clube de vários esportes. Mas, o futebol é o mais tradicional. É o mais antigo de Zurique. Atualmente, o brasileiro Léo Bonatini joga por lá, na zaga.
Adam nasceu na Holanda mesmo?
Esse último tópico será muito breve e só para tirarmos uma dúvida que é muito frequente. Como estamos falando de uma época antiga, considere que o correto não é definir Holanda, como muitos fazem e como fizemos no texto.
Isso porque Adam nasceu no que era chamado de “Índias Orientais Holandesas”. Atualmente, a gente conhece esse lugar como a Indonésia. De todo modo, o lugar era tomado por holandeses e, por isso, há toda essa confusão. Mas, agora você já entendeu.
E o Amedeo Biavati
A gente termina aqui tudo o que queríamos contar sobre o inventor da pedalada. Agora, para quem quiser saber mais, considere que o Biavati foi um dos primeiros jogadores a usar o drible dentro de campo – após o holandês criar e fazer isso.
Amedeo era um italiano que usou o drible para passar pelos adversários na década seguinte a invenção de Adam. Ele nasceu em Bolonha e jogava em uma posição bastante parecida com a de Adam, na ponta-direita. Foi titular da seleção da Itália na Copa de 1938.
Curiosamente, foi ele quem deu o passe para o último gol da final daquela Copa. Mas, antes de falarmos da seleção italiana, considere que ele jogou por dois clubes, sendo ambos de lá: Bologna e Catania (em um empréstimo que durou uma temporada).
O Biavati no Bologna
O fato mais incrível sobre o Biavati é que ele passou a vida, praticamente, no clube da sua cidade. Assim, as passagens foram entre os anos de 1932 e 1948. Sendo que nesse meio tempo teve o empréstimo para o Catania e nada mais.
Pela Itália, ele levou a Copa do Mundo de 1938. Pelo Bologna conseguiu 4 títulos nacionais, sendo até hoje visto como um dos principais nomes daquele time. A estreia dele por lá foi em 1932, quando tinha apenas 17 anos. Na época, o clube já era bem forte.
No seu primeiro ano, fez dois gols contra o Milan, na goleada por 3 a 0. A última partida dele foi em 1947 pela Itália, na derrota para a Áustria. Assim, ele somou 8 gols pela seleção. A aposentadoria final veio no ano seguinte. A morte foi em 1979, aos 64 anos.
Outros nomes por trás das pedaladas
A gente poderia ficar dias e dias citando aqui os jogadores que usam esse drible. Mas, separamos três deles que com certeza tem uma relação fiel com a pedalada. O Robinho é o principal deles, sendo que ficou conhecido justamente por usar esse drible no campo.
Depois vem o Denílson, outro brasileiro famoso pelos dribles. Só que diferente do Robinho, ele usava um arsenal maior, sendo que a pedalada era apenas um deles. O “Denílson Show”, como ficou sendo chamado tem passagens por grandes clubes e pela seleção.
E o último nome que trouxemos é do Cristiano Ronaldo, que é um dos nomes mais importantes do futebol hoje em dia. O melhor do mundo já não é aquele garoto que enfrenta os adversários com dribles desconcertantes, mas ele fez muito isso no começo da carreira.
Outros dribles famosos no futebol
Além da pedalada, considere que temos outros dribles que costumam funcionar muito bem no futebol. Geralmente, eles são feitos por gente habilidosa, como atacantes. Mas, nada impede que goleiros e defensivos também mostrem o seu potencial com os pés.
Chapéu e caneta são os mais usados hoje em dia. E a história deles vem desde o início do futebol. Mas, sem saber ao certo a data ou a origem. O fato é que há versões diferentes de ambos, como o chapéu que é feito com a sola da chuteira. Outros dribles têm dono, veja só.
Mais dribles
Já o elástico, que é um movimento muito rápido e contínuo, ficou conhecido nos pés de Rivelino. Porém, o criador é o japonês Sergio Echigo. A carretilha é invenção de Kaneco. Ao menos é o que todos acham. Porque na verdade, foi Carlinhos Ramos que inventou.
O drible da foca não é tão comum assim. Porém, o Kerlon criou a jogada em 2005 e até ganhou o apelido de Kerlon Foquinha. O corta-luz é mais famoso no basquete, mas funciona bem no futebol também. Pelé aplicou na década de 1970. O drible da vaca é de Eduardo Amorim.