Esse nome, de George Weah, vai ser lembrado por muitas e muitas gerações. Estamos falando do único africano a ser considerado o melhor jogador de futebol do mundo até aqui. O craque liberiano (isto é, da Libéria) brilhou dentro de campo na década de 1990.
Atualmente, ele ocupa o cargo de presidente do seu país. E nesse texto você vai conhecer as duas partes dessa história – dentro e fora dos gramados. Afinal, Weah é uma lição de vida no esporte e na política. Ah, ele foi eleito melhor do mundo em 1995, quando jogava pelo Milan.
A carreira de George Weah no futebol
Nascido na Libéria, ele começou a vida profissional no Young Survivors Clareton. Passou por outros clubes da África, como Tonnere Yaoundé (Camarões). Venceu alguns títulos nacionais e logo se mudou para a Europa, quando foi contratado pelo Mônaco (França).
Na França, ele venceu a Coupe de France – isso em 1990. Em 2992, ele foi transferido para o Paris Saint-Germain, do mesmo país. E lá venceu a Ligue 1 e mais duas vezes a Coupe de France. Mas, em 1995, o Milan contratou o jogador e aí a história dele deslanchou.
A história dele no Milan merece ser contada em um novo tópico. Veja só.
O George Weah no Milan
Marco Van Basten foi um jogador holandês de muito prestígio no futebol e que marcou época no Milan. No entanto, quando ele abandonou as chuteiras, o Milan se viu desesperado por um novo atacante – já que Basten havia se tornado uma lenda, uma máquina de fazer gols.
O nome escolhido para isso foi de Weah, o que não trouxe muito entusiasmo para os torcedores em um primeiro momento. Mas, conforme os jogos iam acontecendo, a torcida não conseguiu sentir tanta saudade assim do Basten.
Isso porque o atacante africano viveu o seu melhor momento da vida quando estava na Itália, no Milan, em 1995. Foi considerado o Melhor Jogador da África no ano, venceu o Ballon d’Or da Europa e foi eleito o Melhor Jogador do Mundo pela FIFA. Tudo em um único ano.
A saída de Weah do Milan
Ele se tornou herói no Milan, ajudando o clube a vencer competições entre 1995-1996. Foi marcado por ser um atacante com ótimo domínio de bola, arrancada em velocidade e arremate fatal. Ou seja, um goleador que todo torcedor gosta de ter no seu time.
Porém, ele foi emprestado ao Chelsea da Inglaterra e logo em seguida contratado pelo Manchester City, do mesmo país. Passou rapidamente pelo Olympique de Marseille entre 2000-2001. E, em 2002, anunciou a aposentadoria pelo Al-Jazira, dos Emirados Árabes.
O George Weah na seleção da Libéria
O fato mais triste da história de Weah é que ele nunca disputou uma partida em Copa do Mundo. Isso porque ainda que fosse considerado o maior jogador de toda a história da Libéria, a sua seleção nunca teve sucesso em competições internacionais.
Um dos motivos era a falta de incentivo. Por exemplo, em 1996 foi ele quem pagou todas as despesas para que a sua seleção disputasse a Copa das Nações da África.
E em 2001, enquanto jogava na França, ele assumiu o comando da seleção do seu país. E até teve sucesso, vencendo Gana por 3 a 1. No entanto, ficou um ponto a menos do que a Nigéria, que foi a classificada para a Copa do Mundo de 2002.
Os títulos e os gols de George Weah no futebol
Apesar de muito sucesso no Milan, a temporada de 1991 foi uma das melhores para Weah, que marcou 22 gols pelo Mônaco. Já pelo City, ele marcou um único gol em 7 jogos. O fato é que terminou a vida no esporte com 169 gols em 411 jogos.
Já entre os títulos, na Libéria ele venceu o Liberian Premier League e o LFA Cup. Na França, venceu a Copa da França, a Ligue 1 e a Copa da Liga Francesa. Na Itália, ele venceu a Serie A por duas vezes. E na Inglaterra, ele ficou com a Copa da Inglaterra.
Em termos de prêmios, ele tem o FIFA 100 de 2004, o Melhor Jogador do Mundo de 1995, o Futebolista Africano de 1995 (além de 1989 e 1994), o Ballon d’Or de 1995, o Onze d’Or de 1995, o FIFA Fair Play de 1996 e o Futebolista do Século da IFFHS.
A vida pessoal de George Weah
O que quase todo mundo sabe hoje sobre o jogador é que ele tem dois filhos que praticam futebol, sendo o George Jr. e o Timothy. Além disso, quando estava no PSG conseguiu a naturalização e poderia ter jogado pela França em Copas.
Já em 2017, ele foi eleito o presidente da República da Libéria, onde tomou posse em 2018, tendo um feito histórico na sua vida – o de jogador de futebol a se tornar presidente.
O que quase ninguém sabe, no entanto, é o caminho que ele traçou para chegar até esse posto. Tudo começou lá em 1996, quando ele negociou o contrato com a Diadora, a sua patrocinadora, para particionar também a seleção do seu país – o que o fez se tornar popular.
O caminho de Weah até a presidência
Ele não tem formação em nível superior. Porém, isso não faz com que não seja muito amado em seu país. Foi em 2004, dois anos após abandonar o futebol, que ele decidiu que entraria para a política. Nesse momento, a Libéria havia acabado de sair de uma guerra civil.
Weah fundou o partido “Congresso para Mudança Democrática”. Porém, nesse mesmo ano, ele não conseguiu se eleger presidente, em uma campanha fracassada. Quem venceu foi Ellen Johnson Sirleaf, com 59,4% dos votos. Ela foi eleita a primeira mulher presidente da África.
Em 2011, Weah tentou de novo a presidência. Dessa vez, porém, como vice-presidente do país. Mas, novamente, foi derrotado. Já em 2014, ele conseguiu o cargo de senador de Monteserrado, que é um dos condados do país, vencendo com 78% dos votos.
A eleição de Weah em 2017
Em dezembro de 2017, com 61,5% dos votos, Weah fez história. Assim, conseguiu se eleger presidente do seu país e foi chamado até mesmo de “Rei George” na ocasião.
Com isso, ele administra um país que tem 4,6 milhões de habitantes e a maioria vive na pobreza. Ele optou por cortar 25% do seu salário e fez doações para instituições de caridade do seu país.
Antes da posse, que foi realizada com uma partida de futebol comemorativa, Weah permitiu a formação de um time das Forças Armadas da Libéria contra os ex-jogadores e amigos do presidente. Weah marcou o gol da vitória no jogo.
A história da Libéria
Antes de fechar o texto, a gente acha muito importante você conhecer um pouco da história da Libéria e da importância da eleição do jogador de futebol do Milan. A Libéria foi fundada por escravos libertados dos Estados Unidos no Século 19.
Por isso, o país tem histórico de guerras civis e está no ranking mundial dos mais pobres. A população vive hoje com uma média abaixo de R$ 6 por dia. Aos 54 anos, o Weah oferece ao povo uma vida melhor, porém, em um processo que demora devido a histórico triste do país.
Veja o que ele afirmou em entrevista à FIFA: “Eu quero ver mudança no meu país porque eu já vivi aqui antes e não é o único jeito que se pode viver. Todos devem ter direito a hospital, educação, enriquecimento. É uma luta pela igualdade e, por isso, estou na política”.
As curiosidades do país de Weah
Para terminar de vez o assunto, considere que esse país tem algumas particularidades. Por exemplo, é o único da África Subsaariana, junto com a Etiópia, que não tem raízes europeias na sua colonização. Isso se deve a fundação dela, feita por escravos americanos libertos.
Isso aconteceu em 1821 e 1822 com o apoio de uma organização privada, a American Colonization Society. A ideia era a de que os ex-escravos teriam mais liberdade e igualdade na nova nação. Escravos de navios negreiros, mais tarde, também foram enviados à Libéria.
As guerras civis no país têm acontecido desde 1980, quando um golpe militar derrubou o presidente William Richard Tolbert Jr. Isso levou a duas guerras civis, com milhares de mortos e devastando a economia do país. Isso tudo também causou muitos casos de corrupção.
A Libéria hoje
Independente do governo de Weah agradar ou não os moradores locais, o que se sabe é que o país está passando pelos efeitos negativos e obscuros dessas guerras civis. Porém, quando se analisa todo contexto dá para ver que se recupera rapidamente, como a Etiópia e Mali.
Talvez, inclusive, isso faça jus ao nome. Para quem não se ligou, Libéria significa Liberdade, o que explica a história do país e, quem sabe, o futuro. Como no Brasil, a Libéria é um país democrático e presidencialista, onde o presidente é o chefe de estado.