O wingsuit é chamado hoje de esporte ultrarradical por um motivo bastante óbvio: ele passou do nível de risco mais alto que se conhecia até hoje. Na internet, o nome pode ser encontrado como “traje planador”. E você já deve ter visto uma imagem em algum lugar.
De fato, pode parecer que a pessoa que está no céu está realizando um salto de paraquedas, mas não é assim que funciona. O wingsuit é justamente o nome do macacão que vai dar aerodinâmica para quem salta. Ou seja, não tem paraquedas, somente a roupa. Entenda mais!
A loucura dos homens-pássaros
Homem-pássaro (bird-man) é o apelido desses saltadores que usam o traje planador para planar no ar. Eles são praticantes da modalidade do paraquedismo. No entanto, a prática do wingsuit tem algumas características diferentes do paraquedismo que você vai conhecer agora.
Por exemplo, quando estão com o wingsuit, a velocidade terminal pode chegar a 200 km/h. E quando ativam o macacão, a velocidade diminui para 50 km/h. Na fase do avanço horizontal, ela pode ficar em 150 km/h. Lembrando que o pouso deles acontece a partir do paraquedas.
Esses são os dados mais conhecidos e até mesmo mais aceitos para a prática do wingsuit. No entanto, na internet, a gente pode ler comentários de pessoas falando que em velocidade turbinada, o praticante chegou a 300 km/h, que é o caso do austríaco Peter Salzmann.
Quando surgiu o wingsuit
A história dos primeiros wingsuits datam da década de 1930 e eram feitos de materiais rígidos. Já entre 1930 e 1961 a gente não teve muitas notícias boas. Isso porque a imprensa registrou muitas mortes, sendo 72 mortes entre os 76 praticantes. As mortes foram em voos de testes.
Já no ano de 2007, que foi quando se teve um grande avanço no esporte, o paraquedista Luigi Cani saltou de um helicóptero por todo o Corcovado e a poucos metros da estátua mais famosa do mundo, o Cristo Redentor. Bem no coração do Brasil.
Na ocasião, ele raspou o traje na montanha e isso fez com que o macacão rasgasse. No entanto, ele conseguiu manter o voo e pousar ileso. Mesmo com as mortes inicias, o esporte continuou sendo praticado por algumas dezenas de homens-pássaros.
Como funciona o esporte
Falando de esporte, mais do que de roupa, saiba que o esporte radical pode ser avaliado como se fosse um avião. Ou seja, a ideia é planar, isto é, se manter voando por algum tempo. Para isso, as asas servem para criar uma área de resistência com o ar.
Aí vem a velocidade da queda livre, que faz todo o trabalho restante. A lógica faz sentido quando a gente pensa dessa forma. No entanto, precisamos considerar que o ar é fluído e isso pode se sentido quando colocamos a mão para fora do carro em movimento.
A mesma resistência acontece quando alguém está caindo do céu. Um próximo passo é ver que, por essa explicação simples, o wingsuit explora pelo menos 4 forças, sendo: peso, sustentação, empuxo e arrasto. Vamos detalhar um pouco mais disso.
Entendendo as forças do wingsuit
A força de peso e sustentação são aquelas que tem a ver com o movimento vertical. Já o peso é o que “puxa” a pessoa para baixo. No sentido oposto, vem a sustentação, que acontece quando se tem resistência no ar. Aliás, essa parte é mais teórica, mas vale a pena entender.
O que precisa haver é um equilíbrio entre os princípios e as forças. Se isso acontece, o resultado é o que se espera: o objeto ou a pessoa é capaz de planar. Por outro lado, a área proporcionada não atinge a equiparação com a aeronave, que usa motores.
Logo, a modalidade do wingsuit exige os paraquedas. Ao menos, exigia, já que tem modelos que estão sendo criados sem o uso deles, como vamos mencionar abaixo. Além do avião, dá para comparar o esporte com o voo de um pássaro também.
A roupa do wingsuit
Agora vamos falar mais da roupa. De um modo bastante simples, o que temos é um macacão para voar que tem tecidos costurados entre os braços e as pernas. Por isso, a roupa se parece com a do paraquedismo, com o acréscimo dessas características.
É importante saber disso para que você não tente usar a sua roupa de paraquedas no wingsuit porque isso não vai dar certo, ouviu? No caso do wingsuit existe a parte das asas que dá sustentação para a vestimenta. Ela usa materiais de extrema durabilidade.
Os modelos iniciais tinham membranas entre braços e pernas, que formavam asas. Mas, essas asas tinham entradas para que o ar entrasse e inflasse as assas. Isso é o que a tornava mais firme e mais aerodinâmica também. E é o que permite mais manobras no ar.
A modernização da modalidade
Enquanto roupa de planar no céu, a gente tem uma espécie de avanço na criação das roupas wingsuit desde a criação, lá na década de 1930. Se antes elas eram feitas com materiais rígidos e pouco seguros, atualmente, há um novo modelo no mercado.
Ele é chamado de wingpack. É um tipo de macacão que está sendo testado e também tem uma asa rígida, só que feita de fibra de carbono, o que seria bem mais leve. O modelo fica entre a asa delta e o wingsuit como conhecemos atualmente.
A eficiência é de 6 e permite o carregamento de oxigênio e outros materiais. Para testar esse tipo de roupa, considere que em 2003, o austríaco Felix Baumgartner saltou de mais de 39 mil metros e atravessou o Canal da Mancha por 14 minutos. Isso deu mais de 35 km.
A fabricação do wingpack
O wingpack parece ter dado certo. E tanto é verdade que em 2006, 3 anos após o salto do austríaco, a ESG (empresa alemão) lançou um novo protótipo, que é um modelo Gryphon, feito exclusivamente para as forças de operações especiais do seu país.
Por isso, o que se espera é que haja ainda mais evolução na criação dos wingsuits, independente se vão continuar com esse nome ou se vão chamar wingpack. Tanto é que já se fala em criar roupas que não vão exigir o uso dos paraquedas durante o pouco.
O Jeb Corliss é um norte-americano que tem testado esse tipo de projeto, assim como o Luís Cani Júnior, que é um brasileiro ligado ao tema. No ano de 2012, o britânico Gary Connery fez o primeiro salto sem paraquedas e aterrissou sobre uma pilha de caixas de papelão.
O voo de wingsuit
Falamos do esporte e da roupa, agora vamos mencionar um pouco da aerodinâmica do voo que é feito com o wingsuit, bora lá? Saiba que para fazer o controle do voo é preciso que o paraquedista pense em posições básicas. Hoje, existem pelo menos 3 delas. Conheça todas.
A primeira é quando se mantém o corpo rígido e com uma pequena curvatura para trás. Isso permite uma queda mais lenta e estável, o que é ótimo para planar por mais tempo. Porém, ele perde velocidade, ok? É a posição tida como mais segura para os saltos de wingsuit.
Há ainda uma posição diferente, que é quando se inclina o corpo para baixo e dobra os joelhos. Nesse caso, o esportista pode usar a pressão do ar para ganhar velocidade. O ângulo perfeito vai depender do tamanho e do peso do paraquedista. E tem mais uma posição.
A posição mais arriscada do wingsuit
Para quem gosta mesmo de emoção, a posição mais arriscada na prática do wingsuit é aquela que se visa as velocidades mais rápidas. É quando se mantém o corpo reto e rígido, mas inclinado para baixo e isso muda tudo, como você vai ver.
Nesse caso, para mudar de direção é preciso girar os braços, ombros, pernas e até mesmo o quadril, o que permite a mudança das asas e a direção da pressão do ar. O movimento precisa ser uniforme e suave porque ações bruscas podem gerar estabilidade no ar.
Se essa estabilidade acontecer, o resultado vai ser óbvio: o paraquedista entra em movimento de parafuso. Assim, começa a rodar sem controle e depois fica quase impossível conseguir se reequilibrar no ar. Por isso, é uma das posições mais arriscadas de todas.
Os recordes de wingsuit
A gente vai fechar o texto falando de uma curiosidade do wingsuit. Apesar de ser um esporte ultrarradical pouco popular, ele tem alguns praticantes que batem vários recordes ao longo dos seus saltos. E nós vamos mencionar alguns deles, veja só:
- Jhonathan Florez percorreu 26,2 km em distância;
- Jhonathan Florez teve a queda livre de maior duração, com 9,6 minutos;
- Jhonathan Florez teve o salto de maior altitude, com 11.358 metros;
- Shin Ito atingiu a maior velocidade, sendo 363 km/h.
E se é para falar de recordes, a gente não pode esquecer do já citado Gary Connery, o britânico. Foi em 2012 que ele fez a proeza ou o recorde que era inimaginável até então de saltar de wingsuit sem usar os paraquedas.